Veio o o novo emprego. Emprego normal, em horário normal. Me empurrando pra ser um pai normal.
Pais normais colocam seu filho em escolinha. Pais normais precisam ganhar dinheiro no horário comercial e gastar boa parte dele terceirizando o cuidado com seus pequenos.
Depois de tomar um "não" super normal na creche pública por falta de vagas, pesquisamos outros lugares normais, com cuidados normais, tocados por pessoas normais. Achamos alguns...
...que deixavam as crianças na frente da TV
...que cobravam 1/3 do meu salario
...que serviam bolinho de chuva e pastel a crianças de 2 anos
...que trocavam a brincadeira por um CULTO evangélico (com direito a uma musica bizarra que dizia que pra cuidar do piu-piu porque era de deus).
Optamos pelo que parecia mais normal e que acomodava nosso salário normal.
Sempre ouvi dizer que no primeiro dia de escolinha quem choravam eram os pais. De saudade, remorso ou fraqueza que fosse, mas choravam. Ouvi que passa, que é normal.
E eu, o pai do Turno do Dia, num esforço pra ser normal deixei lá meu guri. Sem choro dele nem meu. O que teve foi curiosidade dele e raiva minha.
Raiva da vida ser assim, de ter que batalhar o maldito dinheiro normal enquanto meu guri fica sob cuidados de desconhecidos.
Tenho a sensação que não vai passar. Eu não consigo ver vantagem em deixar uma criança de 1 ano passar 60% do tempo longe dos pais. Aqueles 60% da minha planilha, lembra? Aquela fatia de cuidados que dava orgulho de botar minha mão de pai.
Terceirizei. Perdi. Odiei.
"É normal".