segunda-feira, 14 de julho de 2014

Com uma mão só

Pedro continua naquela fase que não existe lugar seguro.
Deixar ele sozinho sem estar preso/amarrado significa que ele vai cair, bater a cabeça em algum lugar, dar com a cara no chão ou meter a mão em alguma daquelas coisas se-pega-no-olho.
Isso significa que se ele esta acordado a gente tem que ficar do lado e se precisamos ir pra outro lugar, ele tem que estar no colo.

Conclusão: ou minha vida passa a se orientar pelo sono do Pedro ou eu desenvolvo uma nova habilidade de fazer tudo com uma mão só já que um braço está sempre servindo de banco pro jovem.
E antes que alguém me sugira usar aquele canguru, quero destacar algo que apenas um pai pode constatar sobre o uso desse equipamento: o calcanhar do bebe fica perigosamente na altura do nosso saco. Parei de usar canguru quando o Pedro granhou força nas pernas.

Desde que essa fase começou já causei vários pequenos desastres em casa tentando usar uma mão só pra tarefas simples. Já derrubei o coador de café cheio de pó, já deixei a cachorra escapar abrindo o portão, já escrevi e-mails com txeots mieo cnofsuos e até já interrompi reunião com gringo pelo telefone pra abafar choro. Mas alto lá! Também tem toda uma história de sucesso! Já esfreguei roupa com uma mão, já fiz suco, ja estendi roupa e outro dia me senti matando o ultimo chefão do jogo: AMARREI CADARÇO COM UMA MÃO!

Esse turno do dia já me ensinou muito. Trabalhar a noite e ver o filho crescer de dia é mesmo um baita privilégio. Privilégio que por essas coisas da vida está agora ameaçado. Na última quinta-feira perdi meu emprego. "Corte de custos", falou meu gerente enquanto assinava os papéis que encerravam um ciclo de 8 anos.

Meu pai sempre disse que o certo era demitir a pessoa na sexta-feira porque ela tinha o fim de semana pra pensar na vida e começar a segunda com o gás necessário. Hoje, segunda, dia de ir a luta. Amarrar cadarço até que não foi difícil. Vejamos agora como é procurar emprego com uma mão só.



5 comentários:

  1. È isso ai filhão, fazer as tarefas com uma mão só depende da gente e a gente aprende, ten gente que faz coisas inacreditáveis e não tem nenhuma das mãos,perder emprego de 8 anos não é fácil só quem já passou por isso é que vai entender a situação, mas com seu conhecimento em sua área e dedicado ao serviço como vc é certamente não não vai ser difícil de se colocar novamente. boa sorte e estamos aqui no for preciso para te ajudar, um beijão para você

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  2. Boa sorte. Não deve estar sendo fácil, mas coisas melhores virão.

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  3. Olá Flávio! Vi sua entrevista no programa da Fátima Bernardes e me identifiquei muito. Tive que correr atrás para achar seu blog (não tenho certeza, mas acho que a produção não publicou o endereço do seu blog). Eu estou adorando ler seus posts. Eu mesmo pensei sinceramente em fazer um blog voltado para pais que não fogem da raia. Minha história é muito parecida com a sua. Meu filho Francisco nasceu prematuramente (25 semanas) enquanto nós estávamos longe da família (eu estou há 1 ano nos EUA). Eu também divido os cuidados com o Francisco meio-a-meio com a minha esposa Lívia, e é muito engraçado como as minhas histórias estão repetidas nos seus posts. Eu também achava inútil cuidar de dente de leite (o Francisco ainda não está com o primeiro), eu também visualizo tudo na base do gráfico (tenho gráficos de ganho de peso, de aproveitamento de refeições por tempo entre refeições, estatística de golfadas e o diabo-a-quatro) e já aprendi há muito tempo a digitar com uma mão só. Queria só te dizer que o jeito que você escreve é muito bacana e espontâneo, que estamos lendo e que nós damos maior força para o projeto de vocês. Um grande abraço e muita sorte e saúde para o Pedro.

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  4. PS.: Você ainda alopra quando estranhos mexem no seu filho? Nós tivemos alta do hospital há apenas 1 mês e meio, e a gente está ainda muito na neurose para evitar que o Chico fique doente (ele têm displasia pulmonar e ainda está no O2 em casa). Eu quase tive um treco quando o Bruno Gouveia pegou teu filho sem te consultar! Aqui nos EUA é mais fácil -- muito difícil alguém encostar em um bebê sem pedir autorização. É claro que o O2 do Francisco faz as pessoas pensarem um pouco antes de meterem a mão nele, mas imagino que mesmo quando ele estiver do tamanho do Pedro eu ainda tenha uma pontinha de nervosismo num momento desses.

    Um abraço

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  5. Oi Andre.
    Realmente eles acabaram nao colocando o endereço. Uma pena. Antes de mais nada, obrigado pela força aí. Bom saber que o blog viaja longe.
    Quanto a neura de pegar no colo, pra dizer a verdade a gente não liga não. Enquanto ele era muito pequeno a gente não deixava quase ninguém. Só nós mesmos, os avós e tias. Todos moram em outras cidades então esse contato era bem raro.
    O divisor de águas foram as vacinas. Conforme fomos dando as vacinas necessárias fomos liberando mais contato e hoje não temos restrição.
    Uma coisa que a gente se esforçou no começo e não se arrepende é o seguinte: esqueça que seu filho é prematuro. Claro que essa informação é necessária pra algumas coisas, mas faça um esforço e pare inclusive de mencionar isso se não for necessário. Isso ajuda a evitar uma redoma que a gente tende a colocar e que na minha opinião não é saudavel.

    Abração!

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